Família Nakamashi: Como começou a colônia japonesa no Bananal
Ushizuke Nakamashi desembarcou no Porto de Santos no ano de 1915, onde trabalhou algum tempo como estivador. Como costume da época, as esposas dos imigrantes japoneses vinham da terra natal e só
se conheciam por fotografia. Dona Shingue vem do Japão para casar-se com Ushizuke Nakamashi.
Por volta de 1930, Ushizuke Nakamashi visita a Baía da Ilha Grande, percebe uma grande quantidade de
sardinha e resolve explorar o pescado na Praia do Bananal. Quando chegou no Bananal essa pequena comunidade tinha como principal atividade econômica a lavoura familiar. A pesca era ocasional, em canoas ou nas costeiras.
Ushizuke passa então a ser conhecido como João Nakamashi e sua esposa, Maria Nakamashi (era comum
entre os imigrantes adotarem nomes brasileiros para facilitar a comunicação). João começa seu negócio, industrializando a sardinha para vender para a colônia japonesa em São Paulo.
Defumava-se o peixe, para ser consumido em sopas. Após algum tempo, a sardinha passa a ser salgada e
enlatada. A família cresce, com seus filhos Iwauo, Hiroshi, Sakae, Benedito, Maria Esmeralda e Getúlia.
A Fábrica de Sardinha é erguida, os filhos ajudam no trabalho. O filho mais velho Iwauo Nakamashi, e
sua esposa Fuzie Nakamashi, levam em frente o empreendimento e levantam uma nova fábrica, mais ampla e com maquinaria moderna.
No final dessa década, as finanças da família passam por uma grave crise e seu irmão – Hiroshi Nakamashi deixa seu filho Paulo cuidando da família e vem para a Ilha ajudar o irmão. Dois anos depois, volta para São Paulo e Kiyoshi Nakamashi, mais conhecido como Preto, vem ajudar seus pais. Preto ainda trabalhava na sardinha, mas nos meados da década de oitenta a atividade já não se sustentava, por causa do rigor na fiscalização, diminuição na oferta de pescado, concorrências de outras regiões do país e novas Leis Ambientais. Em 1987, os Nakamashis, pioneiros na exploração de sardinha, fecham as portas.
Na década de 1990, Preto e sua esposa Noriko, que tiveram 3 filhos: Roberta, Diego e Rafaela, começaram
a receber visitantes paulistanos por intermédio de amigos e parentes nas instalações da antiga fábrica.
A antiga Fábrica de Sardinha começa a se transformar, então, em Pousada. Antigos tanques de salga viram
quartos, camas são feitas de bambu. Surge a Pousada do Preto, um grande point de jovens que se venturavam num destino ainda pouco explorado. Inclusive naquelas viagens, muitos casais se conheceram, hoje estão casados e ainda frequentam o local responsável pelo início do romance.
Texto por Família Nakamashi