Já não é mais como antes
Ah minha velha amiga! Como te olhar e não sentir saudades? Como, lembrar de minha mocidade, sem sentir saudades, se hoje te vejo apenas pela metade, com seu corpo tomado de cicatrizes que não sumiram jamais.
Amiga! Como te fotografar e não sentir saudades dos seus cabelos verdejantes, e suas vestes naturais que foram abolidas por conta do progresso, que o homem trás.
Ah minha amiga! Como te viver hoje, sem lembrar do ontem que aqui vivi! Como não sentir saudades? Se os seus dias não despertam mais fantasias, nem suas noites nos presentearam as mesmas alegrias.
Ah minha amiga! Como te retratar em quadros e poesias, se sugaram toda sua magia, como não sentir saudades do poeta meu santo, do forró do canto, da seresta da Alda, da timidez da menina do leilão da Jovina.
Como te olhar nesses tempos sem ver vaidades, como não sentir saudades da paz que nos cercava e das amizades que não se comprava.
Ah minha amiga! Como pisar nesse chão e não ter emoção, como pisar nesse chão sem relembrar do velho Abraão, da sombra da amendoeira e o sol de verão, do nativo fiel e o famoso pirão.
Como te olhar hoje sem que chores o meu frágil coração. Como te notar e não te amar, pois tudo o que sou foi você quem me inspirou, Vila do Abraão.
Iordan Oliveira do Rosário – morador do Abraão – Outubro de 2011
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