Nós, jovens da Praia da Longa, não deveríamos deixar a cultura morrer

Sou morador da Praia da Longa. Vou contar uma história do pai do meu tio. Meu tio me contou que na década de 60 ou 70 na Praia da Longa para o morador era difícil ter uma canoa.

Só quem tinha era dono de fazenda. Nesta época, não existia barco a motor. Então eles iam de canoa para Angra dos Reis para comprar seus mantimentos e na volta muitos canoeiros batiam de frente com os perigos.

Havia muitos tubarões e para os canoeiros se defenderem eles compravam abóboras e deixavam num caldeirão e depois colocavam dentro de um saco. Quando eles iam para Angra e encontravam os tubarões, eles jogavam as abóboras quentes e as abóboras explodiam. Muitos tubarões morriam por conta disso, mas a única defesa era fazer isso.

Ao longo dos tempos vieram os barcos e as canoas ficaram esquecidas. Muito poucos na Ilha Grande têm canoas. As canoas já mataram a fome de muitos moradores… Elas foram um começo para a Ilha, mas agora a ilha está sendo o fim para elas. Nós, jovens da Praia da Longa, não deveríamos deixar esta cultura morrer.

Dione Santos Oliveira, 22 anos, morador da Praia da Longa