Amor pela Ilha em forma de versos

Nascido e criado em Aroeira, Cosminho cresceu junto de seus 15 irmãos, seus pais e apenas outras cinco
famílias. Quando adulto, foi morar no Abraão. Com emoção se lembra do tempo de infância e juventude.

A história do nascimento. Em pleno carnaval!
Eu e mais 12 irmãos nascemos em casa. Naquele tempo tinham as parteiras que faziam os partos em casa. Meu pai foi pro outro lado de canoa, remando 40 minutos, buscar a parteira. Nasci no dia 15 de fevereiro de 1955, 3º dia de carnaval, às 5 horas da manhã. Quando cai em cima da cama, já cai sambando.

O tempo bom da infância na roça
Aquele tempo da infância era muito bom porque vivíamos tranquilos.A gente não tinha dinheiro, mas era igual a fazendeiro, vivia a sorrir porque tudo que plantava, colhia. Batata, feijão, aipim. Com 7 anos eu já ia para a roça. Quando o dia começava a clarear, seguíamos o caminho dentro da trilha, cerca de 40 minutos a uma hora. Meu pai tinha bastante pina, cana, íamos limpar cana, trazíamos saco de batatas, muita coisa. Nós levávamos o peixe, e lá já tinha a banana, a casa de farinha, a nascente d´água. Fazíamos o pirão de peixe, almoçávamos lá, só voltávamos pra casa quando o sol ia se escondendo por trás da serra.

Carnaval do nascimento à juventude
Ê tempo bom de carnaval! A gente ia num dia e voltava no outro quando o sol estava saindo por cima da Marambaia. Ia em casa, dormia um pouco, e depois voltava. Fazia o carnaval em casa, botava mesa enorme com angu, batata, e o dono da casa não queria acabar. Era tanta gente que a casa não cabia e íamos para o lado de fora. Aqueles blocos com sanfona, triângulo, pandeiro, lata batendo. E tinha baile de calango no Farol do Castelhano! Eu não parava o carnaval inteiro.

A ida para o Abraão e seus escritos sobre a saudade

Lá onde eu morava em Aroeira tinha cerca de 5 famílias só. Depois todos os moradores foram embora, um
alemão comprou Aroeira e saímos da beira da praia e fomos para dentro, para cima, perto da escola – hoje desativada. Então eu saí de lá pela necessidade, que minha mãe tinha problema de saúde e lá não tinha estrutura, peguei um dinheirinho e comprei uma casa aqui no Abraão. Depois por conta da necessidade foi todo mundo se mudando. Eu saí de onde eu nasci, mas não da minha terra, vim para o Abraão. Isso acalma meu coração.

“Um dia eu parti daqui chorando,
com o coração palpitando, mas o meu amor não chegou ao fim.
Hoje eu voltei pra matar a saudade da felicidade de onde eu nasci.”

Versos escritos por Cosminho