Sentimento de Pertencimento

Olá, caros leitores do Voz Nativa!

Venho colocar um pouco mais sobre este tema que estou chamando de ‘sentimento de pertencimento’ para refletirmos. Este é um dos sentimentos que não damos a menor importância no nosso cotidiano até que, realmente, perdemos algo de grande importância que não teremos de volta.

No falecimento de um parente ou um amigo com o qual crescemos juntos, ou na perda de algo que tínhamos e tinha um significado além de qualquer valor estimado, é justamente nesse momento que vamos perceber quanta falta aquela perda nos causa e que nada mais vai substituí-la.

Pois bem! É justamente este sentimento de pertencimento territorial que deveríamos obter para com a nossa região. A legislação brasileira nos oferece liberdade em todo o território nacional, e o Brasil é a metade do continente africano, e temos uma diversidade cultural enorme dando às suas regiões uma particularidade única! Nesse sentido, precisamos atentar um pouco mais para nosso território, nossa essência de ser humano. Existe um lugar no qual você vai se recuperar, se recompor, sentir-se em casa e estar em sintonia com tudo a sua volta.

É muito normal encontramos pessoas arrependidas por ter deixado o local onde nasceram. E quando voltam na condição de turista se lamentam de sua infância e adolescência e o motivo de não poder mais viver naquele local, o sentimento de perda é nítido nesta pessoa. Este ser não sofre um sentimento de perda como se tivesse perdido um ente familiar, mas fica explícita na sua expressão corporal a sensação de arrependimento por não ter tentado preservar sua história no local e sua identidade.E, muitos destes seres que, por alguns momentos, sentem esta perda, muitas vezes se justificam com a sua sub-existência financeira ou qualquer outra justificativa, mas no seu íntimo está o sentimento de perda de sua identidade do seu território. Mas, esta sensação de perda só existe quando as pessoas conseguem harmonizar estas três informações na sua vida: identidade cultural, identidade territorial e sentimento de pertencimento.

As duas primeiras informações são quando o ser humano sente que aquela região pertence à ele, como diziam os indígenas Tupis Guaranis na organização TAMOIOS, que significa ‘os mais antigos do lugar’ ou, atualizando a expressão, ‘nascido no lugar’. Hoje, vejo um monte de gente que se diz nativo ou nascido na Ilha Grande, mas que não tem uma postura de alguém que realmente pertence a este lugar. Muitas vezes ficam justificando determinados acontecimentos de desrespeito com o território local culpando sempre as pessoas de fora, que não são daqui, o poder público que não faz nada, etc. e tal.

Poderíamos ser uma comunidade exemplar para nosso país, onde o privilégio de estar em um paraíso como a Ilha Grande nos estimulasse a ter um comportamento razoável como o lugar merece. Dentre várias su-gestões e opiniões que já ouvi em reunião, uma aqui, outra ali, vou deixar uma registrada neste texto: que nem tudo depende do poder público ou associações, ou qualquer outra organização. Se cada um dos moradores separasse o seu lixo: plástico, madeira papelão, alumínio e orgânico, sem se preocupar com o que vai acontecer com este lixo depois, já faríamos uma grande diferença! Acredito que com menos de três meses já apareceria alguém para se interessar por este material reciclável e uma fonte de renda poderia surgir desta iniciativa para o bem da nossa comunidade, da Vila do Abraão na Ilha Grande.