Ilha Grande marca presença em Encontro de Turismo de Base Comunitária

Entre os dias 23 e 25 de julho, a Secretaria de Turismo de Paraty e a TurisANGRA realizaram, em Tarituba, o I Encontro de Turismo de Base Comunitária (TBC) da Costa Verde. Por meio de mesas de debates, grupos de trabalho e programação cultural o objetivo principal foi reunir representantes de comunidades tradicionais caiçaras, quilombolas, indígenas e produtores rurais para trocar experiências, dividir desafios e traçar diretrizes para a qualificação do Turismo de Base Comunitária na região.

A presença de lideranças de diferentes localidades deu força ao Encontro e enriqueceu a troca de experiências sobre um turismo que prioriza a cultura, história e tradição local e coloca como protagonista, não os interesses econômicos, mas o território e seu povo.

Em parceira com a TurisANGRA, o Voz Nativa apoiou a mobilização de representantes de diversas comunidades da Ilha Grande para participar do evento e da discussão, tão importante para toda a Costa Verde.

E o que os jovens perceberam no evento…

No I Encontro de Turismo de Base Comunitária da Costa Verde foram relatados muitos problemas em comum que as comunidades vivem no dia a dia: perdas de suas identidades culturais; um grande êxodo causado pela especulação imobiliárias; as consequências da construção da BR 101 e a transformação de toda a costa em parque ecológico. Com tantas mudanças estas comunidades tiveram que deixar de exercer coisas que eram de suas rotinas como pescar, fazer artesanato, plantar e caçar.

Sem saber o que fazer, muitas pessoas dessas comunidades decidiram sair de suas casas e ir morar nos centros urbanos, abandonando suas culturas locais e perdendo a tão falada identidade cultural.

Os que ficaram não sabiam mais o que fazer e se perguntavam se teriam que criar a nova rotina de vida, pois começaram a chegar grandes construções em seus territórios. Não que todos destas comunidades sejam contra o progresso que ali chegava, mas ele chegou de uma forma muito brutal e obrigou que alguns aceitassem subempregos, se curvando ao progresso, que para eles era como se fosse a última coisa a ser feita por ali. Todos no encontro do TBC ficaram pensando o que seriam destas juventudes que cresceriam nestas comunidades.

Será que talvez não soubessem mais de sua identidade cultural e de seus antepassados que habitavam o local? Devido a isso estas comunidades começaram a ver que estavam perdendo suas juventudes para o marginalismo, álcool e coisas piores, e não é isso o que eles desejam para sua juventude, pelo contrário, almejam cursos profissionalizantes para que eles não
precisem sair de suas casas para estudar fora e para que possam recuperar sua história e cultura através de um turismo que valoriza o seu passado, ao invés de acabar com ele. Por isso, desde já, queremos que deste primeiro encontro do TBC tenham saído bons frutos, pois o entrosamento destas comunidades é muito importante e pode gerar soluções boas para todos.

seminario tbc1

Felipe Daniel e Vitoria Uchoa, jovens moradores da Praia Grande das Palmas